Silly Season

04-09-2013 23:20

 

Há décadas que a expressão existe.

Normalmente é associada a períodos de menor actividade dos raciocínios.

Conotada com férias, calor e bloqueio dos neurónios, é a desculpa perfeita para a preguiça de muitos e começa a roçar o kitsch e o grosseiro quando invocada em textos supostamente respeitáveis.

Este anglicismo pode servir, porém, outros propósitos.

E ilustrar na perfeição outro tipo de estados (sólidos líquidos ou gasosos, mas quase sempre tóxicos), de alma ou coração, muito perto de nós.

Acho a expressão simpática, com uma fonética “divertida” e sempre, sempre desculpante. O que me aborrece um bocadinho por reconhecer a minha perda progressiva de um determinado tipo de tolerância.

A realidade que supera largamente a ficção (frase feita, que assumo!) personificou na minha cabeça esta expressão e converteu – a, no meu léxico, em  “seasonally silly & stupid state of mind”.

Agravada ou não pela idade ou por outras circunstâncias, a fase “ devia estar fechado num armário bem grande com fechadura à prova de som e de bala” atravessa gerações e (des) níveis e ameaça a pandemia, tal a gravidade, sobretudo para os próprios.

Agarro-me, porém, inconscientemente à esperança de uma vacina eficaz.

E ao benefício do desfasamento temporal dos picos agudos desta praga no universo dos infectados.

Alívio assim o sofrimento de gerir em permanência uma sucessão de acções insanas, despropositadas e estúpidas, com variação sazonal de seus autores e a crença sentida na possível recuperação de parte deles.

Há um “não-sei-quê” de Pasteur em mim que ainda acredita.

Seasonally.