Dia 1

10-06-2013 15:05

Há uma inevitabilidade qualquer associada ao destino.

Aliás, acho mesmo que a palavra foi inventada para a justificar, e sempre porque acontece algo de mau ou que não corresponde às nossas expectativas.

Pessoalmente, detesto as justificações se elas não conduzirem a lado nenhum.

Por isso, não gosto do destino e muito menos da inevitabilidade que ele justifica.

Sei pouco de semântica e menos de hermenêutica.

Mas conheço algumas figuras de estilo.

Gosto. Quando fazem jus ao nome, ou seja, se usadas “com estilo”.

Uma vez, fui ao cinema e dei comigo a pensar na inveja que sustenta o êxito do criador e que move multidões (eufóricas ou furiosas) à sua volta.

Mas porque é que uma história menos que simples não ocorre ao comum dos mortais? Ou mesmo aos menos comuns que, por exemplo, em Portugal são que lêem livros ou visitam museus?

Será o destino ser tão capaz, criativo ou talentoso, para prender milhões a um ecran com a história mais banal do Mundo?

É que com esta explicação para o destino simpatizo. E quero continuar por aqui.

Os olhos mais abertos para um pormenor, o espirito observador puro, despido de juízos (ou pelo menos subtilmente inócuo aos mesmos), um rasgo de criatividade ou uma coincidência de sucessão de ideias, será inevitabilidade ou destino?

Adoro o prazer da divagação. Sem fronteiras e limites. E aprecio com bom gosto o caminhar no escuro, deixando cair ideias e assentando outras, arriscando tropeçar nas primeiras e segurar-se às segundas, sem perceber de vez se as premissas são as certas.

Quando vivo não penso. Ouso mesmo dizer serem acções incompatíveis.

Só queria ter a certeza que há padrões. E que os extravaso frequentemente. Despadronizando por aí.

Não gosto nada de ser assim. Mas isto é pura teoria.

Há um sal tão maldoso nesta dieta dos feitios que a torna profundamente apetitosa. E mais arriscada do que fumar 40 cigarros por dia.

Encantadora na degustação. Dolorosa até ao âmago na digestão.

Hoje vai ser diferente porque abro este espaço de confronto convosco, palavras minhas, que as pontas dos meus dedos materializam e que me agridem quase sempre. Espero que sirva para alguma coisa.

Há um tempo e um dia para tudo.

Hoje é dia 1 do “maria vai com as outras”.

Será destino?