A "Tarde-tardinha"

09-09-2013 23:02

Quando o Sol se põe, a "Tarde-tardinha" começa a tomar o seu belo pequeno-almoço.
Sem cerimónias, ataca o tabuleiro dos scones e o seu chá de camomila.
Abre a porta e sai para a rua.
Manda entrar o calor e recolher os pássaros.
Orienta a direcção dos girassóis para o horizonte longínquo, onde os restos do Sol ainda se podem ver.
A "Tarde-tardinha" é assim.
Muito determinada e mandona.
E esperta!
Nunca relacionamos nada com ela, mas é ela quem comanda sempre a "roda-viva" até à "noite-escura" que se aproxima!
É à "Tarde-tardinha" que fica a hora de acabar os trabalhos de casa, de preparar o saco para o dia seguinte e de mergulhar na banheira.
Depois, vem o papá.
Aí, já ela tem o pijama vestido e está prestes a render-se ao cansaço que a sua irmã "noite-escura" espirra quando acorda.
Já adormeci um dia com ela.
Foi num dia comprido de Verão, cheio de praia e de jogos de bola, e a "Tarde-tardinha" chegou fora de horas.
"Deve ter adormecido!", pensei eu na altura.
E li mais uma página do livro quadrado, já em enorme esforço para manter os olhos abertos.
A mamã contou-me que, quando ela chegou, me foi encontrar aninhado numa toalha amarela de feltro junto ao sofá do meu quarto.
O calor tinha recolhido mais tarde e os pássaros ainda piavam.
Tudo por causa da atrasada da "Tarde-tardinha"!
Hoje suspeito que me esteve a ver o tempo todo, deliciado com as palavras redondas no meu livro, no chão do quarto, junto ao sofá, tendo a toalha amarela como almofada.
E que quis embalar-me até a um sonho bom.
Afinal, é querida a "Tarde-tardinha"!
Amiga "Tardinha", um grande beijo de boa noite!
Vou jantar.